Embora o surto esteja limitado ao extremo oeste do país, países vizinhos, como Quênia, Ruanda, Sudão do Sul e Tanzânia, já emitiram alerta à suas respectivas populações para que notifiquem às autoridades de saúde qualquer caso com sintomas semelhantes aos provocados pelo Ebola. De fato, a grande preocupação por parte das autoridades sanitárias recai sobre a inexistência tanto de uma vacina eficaz, quanto de um tratamento específico, que dependendo da cepa viral envolvida, pode alcançar uma taxa de letalidade de até 90% dos casos.
A transmissão do vírus ocorre exclusivamente a partir
do contato direto com secreções e sangue dos indivíduos infectados. Populações
africanas são atingidas em grande número devido aos hábitos culturais
difundidos na maioria das aldeias, onde é comum lavar o corpo dos mortos
manualmente antes do sepultamento. Logo, o combate a esta prática secular tem
sido um dos principais desafios para conter a propagação do vírus.
A
infecção pelo vírus produz uma espécie de febre hemorrágica, cujo período de
incubação varia em torno de 5 a 12 dias. O vírus multiplica-se nas células do
fígado, baço, pulmões e tecidos linfáticos, onde os danos podem se tornar
irreversíveis. Os sintomas incluem febre súbita intensa, fraqueza, dor
muscular, de cabeça e de garganta, seguida de vômitos, diarreia, erupções
cutâneas, os quais evoluem, na maioria das vezes, para injúria renal e
hepática, além de hemorragia interna e externa.
Em Uganda, o Ebola havia sido detectado pela última vez
em maio do ano passado, resultando na morte de uma menina de 12 anos. No ano
2000, o país vivenciou o pior surto de Ebola em sua história, quando 450
pessoas foram infectadas e mais da metade sucumbiu à doença.
Em dezembro do ano
passado, cientistas da Universidade Estadual do Arizona,
nos Estados Unidos, anunciaram a descoberta de um importante mecanismo para a
criação de uma vacina contra o Ebola. Considerando que os surtos da doença são
localizados, passageiros e imprevisíveis, a equipe liderada pelo pesquisador
Charles Arntzen propôs um modelo incomum de proteção vacinal. Ao invés de
aplicada na infância, as doses da vacina seriam tomadas apenas durante a
ocorrência da doença. No entanto, tal estratégia necessitaria de um estoque
considerável de vacina.
Diferentemente da
maioria das vacinas candidatas em estudo, cuja utilização de vírus vivos
geneticamente modificados requer elevado custo para armazenamento, a vacina
desenvolvida no Arizona utiliza apenas a folha do tabaco para garantir um
quantitativo adequado em estoque. Neste sentido, a introdução de um fragmento
de DNA do vírus vacinal na folha do tabaco surge como uma alternativa simples e
barata, além de permitir uma produção esporádica, em consonância com o perfil
epidemiológico da doença. O estudo foi publicado no final do ano passado na
revista científica Proceedings of the National
Academy os Sciences (PNAS), o qual pode ser conferido na
íntegra acessando o link abaixo:
Fonte: CIEVS RIO 03/08/12
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