Mas, afinal, o que é ESPOROTRICOSE?
“A esporotricose é uma doença causada pelo fungo
Sporothrix schenckii. Trata-se de uma micose zoonótica que infecta diferente
espécie de animais – gato, cão, rato, porco, cavalo, tatu e aves, entre outros
– e também o ser humano. O fungo que causa esta doença está distribuído
mundialmente e vive no solo, na terra, em folhas, madeiras e espinhos de
roseiras, ou seja, em dejetos e matérias orgânicos no solo”, responde Paula
Almeida, médica veterinária da Gerência de Doenças Transmitidas por Vetores e
Zoonoses da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado de Saúde (SES).
A transmissão ocorre através de uma lesão como, por
exemplo, um arranhão – na manipulação de jardins e flores com espinhos ou no
contato com animais – ou uma mordida – principalmente de gatos. Atualmente os
gatos apresentam papel de destaque na transmissão da doença. Esta é, inclusive,
uma das possíveis causas do aumento no número de doenças no estado. “O aumento
pode estar relacionado a diversos fatores que vão desde uma maior sensibilidade
e notificação de casos pelos profissionais de saúde e vigilâncias municipais,
bem como ao maior contato entre pessoas e animais, em especial o gato”, diz,
Paula.
“Nos felinos com esporotricose o número de
micro-organismos encontrados nos tecidos e secreções é maior do que em outras
espécies, o que aumenta o risco de transmissão. Por este motivo, nesta espécie
a esporotricose apresenta um potencial zoonótico significante”, acrescenta
Patrícia Meneguete, Coordenação de Vigilância Ambiental em Saúde e Saúde do
Trabalhador da SES.
O
papel do gato
O risco aumenta quando o animal vive em ambiente
domiciliar, mas mantém contato com a natureza. O que não é incomum, já que
gatos gostam de brincar na terra, justamente onde vive o fungo. “Felinos
semidomiciliados estão propensos a inocular o fungo, que é encontrado no solo,
matéria orgânica e em plantas. Além disso, podem se envolver em brigas,
ocorrendo mordeduras e arranhaduras com outros felinos infectados. Por este
motivo é aconselhável esterilizar (castrar) os gatos, para diminuir as fugas”,
aconselha Patrícia.
Além disso, recomenda-se manipular os animais com
cautela, em especial animais de rua que podem ser agressivos. “Sempre que
possível fazer uso de equipamentos de proteção individual como luvas, por
exemplo. Da mesma forma, pessoas que manipulam plantas e jardins devem se
proteger com luvas e roupas de manga para evitar arranhões e traumas que possam
inocular o fungo na pele”, orienta Paula.
Ela explica que os sinais clínicos da esporotricose
geralmente envolvem o aparecimento de lesões na pele e tecido subcutâneo,
acometendo o tecido linfático adjacente, de maneira que as lesões podem se
distribuir acompanhando o caminho dos vasos linfáticos próximos. “Formas
extracutâneas podem ocorrer (pulmonar, óssea), porém são mais raras. Vale
lembrar que a doença ocorre em pessoas de todas as idades e sexo”, acrescenta.
Tratamento
O tratamento consiste no uso de medicamentos para matar
o fungo, os antifúngicos. Na maioria das vezes a esporotricose é benigna e
restrita à pele e mucosas. “Porém, há risco de sequelas que podem estar
relacionadas a uma série de fatores como diagnóstico tardio, condições/resposta
do hospedeiro, densidade do inoculo, entre outros. Um diagnóstico tardio pode
resultar, por exemplo, na presença de cicatrizes mais profundas no local da
lesão”, ressalta Paula.
Para os animais, o tratamento também é feito com
antifúngicos. “Os sinais clínicos nos animais são semelhantes à doença no ser
humano, ou seja, lesões características arredondadas, avermelhadas e levemente
elevadas que podem evoluir para lesões ulceradas. Pelo comportamento de briga
que os gatos possuem e usarem muito as patas para tal é comum o aparecimento
dessas lesões no focinho e orelhas do animal. Assim como os seres humanos, os
animais também podem e devem ser tratados”, ressalta Paula.
Por isso, é importante que os médicos, ao atenderem
pessoas com leões suspeitas, levantem com o paciente o histórico de manipulação
de jardins e solo e contato com gatos. “Lembrando que não é somente o animal
doente que pode transmitir, bastando que o fungo esteja presente em suas
unhas”, destaca Paula.
Fonte:
Rio com Saúde
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