O que é a
microcefalia?
A microcefalia não é um agravo novo. Trata-se de
uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira
adequada. Neste caso, os bebês nascem com perímetro cefálico (PC) menor que o
normal, que habitualmente é superior a 33 cm.
Quais as causas
desta condição?
Essa malformação congênita pode ser efeito de uma
série de fatores de diferentes origens, como substâncias químicas e agentes
biológicos (infecciosos), como bactérias, vírus e radiação.
O que é o
vírus zika?
O vírus zika
é um arbovírus (grande família de vírus), transmitido pela picada do mesmo
vetor da dengue, o Aedes aegypti.
Já há
confirmação que o aumento de casos de microcefalia no Brasil é causado pelo
vírus zika?
O Ministério da Saúde confirmou no sábado (28/11) a
relação entre o vírus zika e o surto de microcefalia na região Nordeste. O
Instituto Evandro Chagas, órgão do ministério em Belém (PA), encaminhou o
resultado de exames realizados em um bebê, nascida no Ceará, com microcefalia e
outras malformações congênitas. Em amostras de sangue e tecidos, foi
identificada a presença do vírus zika.
A partir desse achado do bebê que veio à óbito, o
Ministério da Saúde considera confirmada a relação entre o vírus e a ocorrência
de microcefalia. Essa é uma situação inédita na pesquisa científica mundial.
As investigações sobre o tema devem continuar para
esclarecer questões como a transmissão desse agente, a sua atuação no organismo
humano, a infecção do feto e período de maior vulnerabilidade para a gestante.
Em análise inicial, o risco está associado aos primeiros três meses de
gravidez.
O achado
reforça o chamado para uma mobilização nacional para conter o mosquito
transmissor, o Aedes aegypti, responsável pela disseminação doença.
A
microcefalia pode levar a óbito ou deixar sequelas?
Cerca de 90% das microcefalias estão associadas com
retardo mental, exceto nas de origem familiar, que podem ter o desenvolvimento
cognitivo normal. O tipo e o nível de gravidade da sequela vão variar caso a
caso. Tratamentos realizados desde os primeiros anos melhoram o desenvolvimento
e a qualidade de vida.
Como é feito
o diagnóstico?
Após o nascimento do recém-nascido, o primeiro
exame físico é rotina nos berçários e deve ser feito em até 24 horas do
nascimento. Este período é um dos principais momentos para se realizar busca
ativa de possíveis anomalias congênitas. Por isso, é importante que os
profissionais de saúde fiquem sensíveis para notificar os casos de microcefalia
no registro da doença no Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc).
É possível
detectar a microcefalia no pré-natal? Apenas a ultrassonografia é suficiente?
Sim. No entanto, somente o médico que está
acompanhando a grávida poderá indicar o método de imagem mais adequado.
Qual o
tratamento para a microcefalia?
Não há tratamento específico para a microcefalia.
Existem ações de suporte que podem auxiliar no desenvolvimento do bebê e da
criança, e este acompanhamento é preconizado pelo Sistema Único da Saúde (SUS).
Como cada criança desenvolve complicações diferentes - entre elas
respiratórias, neurológicas e motoras – o acompanhamento por diferentes
especialistas vai depender de suas funções que ficarem comprometidas.
Estão disponíveis serviços de atenção básica, serviços
especializados de reabilitação, os serviços de exame e diagnóstico e serviços
hospitalares, além de órteses e próteses aos casos em que se aplicar.
Com aumento de casos que ocorre neste momento, o
Ministério da Saúde, decidiu elaborar, em parceria com as secretarias
municipais e estaduais de saúde, um protocolo de atendimento voltado a essas
crianças. Este protocolo vai servir como base de orientação aos gestores locais
para que possam identificar e estabelecer os serviços de saúde de referência no
tratamento dos pacientes, além de determinar o fluxo desse atendimento.
Há um tipo de microcefalia, a Sinostose craniana,
que não é a que está tendo aumento do número de casos, por não ser de causa
infecciosa, que pode ser corrigida por meio de cirurgia. Neste caso,
geralmente, as crianças precisam de acompanhamento após o primeiro ano de vida.
Quais
estados estão apontando crescimento de casos de microcefalia acima da média?
Até o dia 28 de novembro, foram notificados à
Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde 1.248 casos
suspeitos de microcefalia, identificados em 311 municípios de 14 estados do
Brasil. O estado de Pernambuco mantem-se com o maior número de casos (646),
sendo o primeiro a identificar aumento de microcefalia em sua região e que
conta com o acompanhamento de equipe do Ministério da Saúde desde o dia 22 de
outubro. Em seguida, estão os estados de Paraíba (248), Rio Grande do Norte
(79), Sergipe (77), Alagoas (59), Bahia (37), Piauí (36), Ceará (25), Maranhão
(12), Rio de Janeiro (13), Tocantins (12), Goiás (02), Distrito Federal (1) e
Mato Grosso do Sul (1).
Há registro
de ‘surtos’ de microcefalia em outros países?
O zika é considerado endêmico no Leste e Oeste do
continente Africano. Evidências sorológicas em humanos sugerem que a partir do
ano de 1966 o vírus tenha se disseminado para o continente asiático. Atualmente
há registro de circulação esporádica na África (Nigéria, Tanzânia, Egito,
África Central, Serra Leoa, Gabão, Senegal, Costa do Marfim, Camarões, Etiópia,
Quénia, Somália e Burkina Faso) e Ásia (Malásia, Índia, Paquistão, Filipinas,
Tailândia, Vietnã, Camboja, Índia, Indonésia) e Oceania (Micronésia, Polinésia
Francesa, Nova Caledônia/França e Ilhas Cook).
Casos importados de Zika vírus foram descritos no
Canadá, Alemanha, Itália, Japão, Estados Unidos e Austrália. O Brasil está
entre os países que apresentaram circulação autóctone (natural do lugar em que
se encontra) em 2015, juntamente com outros países da América do Sul (Paraguai,
Colômbia e Suriname) e Central (Guatemala).
Quais exames
estão sendo realizados nas crianças e nas gestantes dos estados que já
notificaram o Ministério da Saúde?
A partir dos casos identificados em Pernambuco,
estão sendo realizadas investigações epidemiológicas de campo, tais como:
revisão de prontuários e outros registros de atendimento médico da gestante e
do recém-nascido.
Também estão sendo feitas entrevistas com as mães
por meio de questionário. Os casos seguem para investigação laboratorial e
exames de imagem como a tomografia computadorizada de crânio.
Qual período
da gestação é mais suscetível à ação do vírus?
Pelo
relatado dos casos até o momento, as gestantes cujos bebês desenvolveram a
microcefalia tiveram sintomas do vírus zika no primeiro trimestre da gravidez.
Mas o cuidado para não entrar em contato com o mosquito Aedes aegypti é
para todo o período da gestação.
Neste
momento, qual é a recomendação do Ministério da Saúde para as gestantes?
Neste
momento, o Ministério da Saúde reforça às gestantes que não usem medicamentos
não prescritos pelos profissionais de saúde e que façam um pré-natal
qualificado e todos os exames previstos nesta fase, além de relatarem aos
profissionais de saúde qualquer alteração que perceberem durante a gestação.
Também é importante que elas reforcem as medidas de prevenção ao mosquito Aedes
aegypti, com o uso de repelentes indicados para o período de gestação, uso
de roupas de manga comprida e todas as outras medidas para evitar o contato com
mosquitos, além de evitar o acúmulo de água parada em casa ou no trabalho.
Independente do destino ou motivo, toda grávida
deve consultar o seu médico antes de viajar.
Neste
momento, qual é a recomendação do Ministério da Saúde para gestores e
profissionais de saúde?
É importante
que os profissionais de saúde estejam atentos à avaliação cuidadosa do
perímetro cerebral e à idade gestacional, assim como à notificação de casos
suspeitos de microcefalia no registro de nascimento no Sistema de Informações
sobre Nascidos Vivos (SINASC). Por ser uma fonte de contato direto com a
população, os profissionais também devem reforçar o alerta sobre os cuidados
para evitar a proliferação do mosquito da dengue, e orientar as gestantes sobre
as medidas individuais de proteção contra oAedes aegypti. Além da
notificação no Sinasc, o Ministério da Saúde enviou orientação para que seja
feito o registro em uma ficha específica, adotada de maneira excepcional, que
trás mais detalhes dos casos que serão investigados.
O Ministério da Saúde divulgará nesta semana a
atualização das orientações sobre vigilância e manejo clínico. Também, neste
momento, uma equipe técnica do ministério trabalha na elaboração de um plano de
ação nacional, que deve ser lançado na próxima semana.
Fonte: www.fiocruz.com.br
Acesso em 02/12/15, divulgação em 01/12/15
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