Os dados não são daqui do Rio de Janeiro, mas o número de casos de
caxumba registrados neste ano no Estado de São
Paulo já é o
maior desde 2008, segundo balanço do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE)
da Secretaria Estadual da Saúde.
Até o dia 16 de junho, quando foi divulgado o último levantamento, foram
contabilizados 842 casos. Entre 2009 e 2015, o número variou, no ano inteiro,
entre 118 (2014) e 671 (em 2015). Em todo 2008, foram 3.394 registros.
A imunização incompleta de parte da população, que não tomou as duas
doses da vacina, e o fato de o vírus estar mais atuante estão entre as razões
apresentadas por infectologistas para o aumento dos surtos.
Ralcyon Teixeira, médico infectologista e
supervisor do pronto-socorro do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.
"Não tem uma explicação certeira para isso, mas sabemos que é um
vírus altamente infectante e ele está circulando mais", disse o
especialista.
Ele explica que o período de incubação da doença é grande e que, mesmo
antes da manifestação de sintomas - inflamação das glândulas salivares, dor de
cabeça e febre -, a pessoa já pode transmitir a caxumba.
"O prazo de incubação é de 16 a 18 dias, mas pode se manifestar em
até 25 dias e a pessoa já começa a expelir o vírus."
Em janeiro deste ano, a infectologista Luciana Marques Sansão Borges, de
31 anos, teve caxumba, que se manifestou em ambos os lados do pescoço. Ela
conta que ninguém de sua família nem do seu ambiente de trabalho estava com a
doença.
"Foi depois da virada do ano e não tinha ido a nenhum lugar com
aglomeração. Fiquei nove dias afastada do trabalho."
Apenas após o episódio que ela se deu conta de que não tinha tomado as duas
doses da vacina.
"Meu cartão de vacina é atualizado, mas tomei a dose de sarampo e
rubéola. Na minha cabeça, estava plenamente vacinada. Só doente vi que faltava
a de caxumba."
Mesmo vacinada, a administradora Flávia Oliveira, de 25 anos, foi
contaminada e recebeu o diagnóstico na semana passada. Ela ainda se recupera em
casa.
"Fiquei tomando anti-inflamatório e, desde então, estou de repouso
e tem de ficar, porque dói muito para comer, ficar em pé. Ainda estou com um
pouco de inchaço."
Para não contaminar a família, Flávia separou talheres, pratos e copos.
"Lavamos tudo com água fervente."
Cuidados
Repouso e isolamento são as principais orientações para os pacientes, já
que não há um medicamento específico para a doença.
"Não tem nenhum antiviral para caxumba. A recomendação é fazer
repouso, tomar analgésico e anti-inflamatório. É importante evitar aglomerações
e lavar as mãos", diz Graziella Hanna Pereira, infectologista do Complexo
Hospitalar Edmundo Vasconcelos.
Segundo Raquel Muarrek, infectologista do Hospital Leforte, a doença
pode causar complicações, principalmente para os homens.
"A
caxumba pode causar meningite e pancreatite. Em homens, pode vir com orquite,
que causa aumento da bolsa escrotal e dor na região."
Fonte:http://www.folha.uol.com.br/
Acesso em 22/06/16, divulgação em 22/06/16
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