O Instituto Oswaldo Cruz (IOC),
vinculado ao Ministério da Saúde, já começou a fase de ensaios pré-clínicos em
animais para verificar a eficiência da vacina contra a malária no Brasil. Essa
é a etapa preliminar necessária para iniciar testes clínicos em voluntários,
disse à Agência Brasil o chefe do Laboratório de Pesquisa em Malária do IOC,
Cláudio Tadeu Daniel Ribeiro.
Ele estima que os ensaios clínicos em
humanos possam começar a ser feitos em 2013. O especialista salientou, porém,
que esta fase de operação do projeto é complicada, porque requer uma
infraestrutura específica. Entre os requisitos a serem cumpridos estão o
consentimento dos voluntários, conhecimento dos riscos, além de questões como
biossegurança. A ideia dos pesquisadores do IOC é chegar a uma vacina que
possa, ao mesmo tempo, proteger contra a malária e a febre amarela.
Embora uma
corrente de pesquisadores considere que não é necessário fazer ensaios
pré-clínicos em primatas, Cláudio Ribeiro defendeu a necessidade desta etapa.
“Estamos, de fato, pensando que seja possível vislumbrar simultaneamente testes
em humanos, desde que eles tenham se mostrado promissores no modelo de
primatas.”
As doenças tropicais negligenciadas, entre as quais está a malária,
serão tema do 18º Congresso Internacional de Medicina Tropical e Malária,
promovido pela Federação Internacional de Medicina Tropical (IFMT) e pela
Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT), em parceria com o IOC. O
encontro começou dia (23/09) à noite, no Rio de Janeiro e se estende até o dia
27/09.
A região Amazônica concentra 99,8% dos casos de malária registrados
anualmente no Brasil. No ano passado, somente na Amazônia, o número de casos
atingiu 263 mil, contra 320 mil, em 2010. “Na Amazônia, eu digo que não é mais
o mosquito que invade as casas do homem, como o mosquito da dengue. É o homem
que invade a casa do mosquito, porque dentro da floresta, você não pode
pretender eliminar o mosquito”, explicou. "A solução é reduzir a área de
contato”, completou.
Segundo ele, de 807 municípios amazônicos, 57 respondem por 80% dos
casos de malária do Brasil, o que equivale a 7% das cidades da região. Desse
total, quatro municípios respondem por 25% dos casos. “Isso é um absurdo
completo”, destacou. Essas cidades estão concentradas nos estados do Amazonas,
Pará, Rondônia e Acre. “As prefeituras não investem como deveriam”, disse.
Um dos painéis do congresso debaterá o desafio do controle de doenças
durante os eventos internacionais que ocorrerão no Brasil e no Rio de Janeiro
nos próximos anos, como a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e os Jogos Olímpicos
de 2016. O trabalho envolve, em primeiro lugar, a diminuição do contingente de
pessoas doentes, sugeriu Ribeiro. “O ideal é conseguir diminuir a transmissão e
a extensão da doença e a dimensão do problema no país. Todos vão ser
beneficiados: a população local e os viajantes.”
Uma segunda operação envolve o mapeamento dessas doenças, para que os
indivíduos saibam qual é o risco e para que as autoridades de outros países e
organismos internacionais possam fazer recomendações de procedimentos
preventivos. Os desafios são de ambas as partes, de acordo com Ribeiro, porque
se trata também de evitar que doenças sejam trazidas pelos viajantes
estrangeiros.
Fonte: Agência Brasil
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