O Brasil dará início à produção em larga escala de mosquito
transgênico que será utilizado para o combate à dengue. Neste sábado (7), o
ministro da Saúde, Alexandre Padilha, participou, na Bahia, da inauguração da
fábrica com maior capacidade de produção mundial do mosquito da dengue estéril.
A unidade funcionará em Juazeiro, na sede da empresa pública Moscamed,
especializada na produção de insetos transgênicos para controle biológico de pragas.
O Brasil à produção em larga escala
de mosquito transgênico que será utilizado para o combate à dengue. Neste
sábado (7), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, participou, na Bahia, da
inauguração da fábrica com maior capacidade de produção mundial do mosquito da
dengue estéril. A unidade funcionará em Juazeiro, na sede da empresa pública
Moscamed, especializada na produção de insetos transgênicos para controle
biológico de pragas
A unidade fabril é um braço da empresa pública
Moscamed, biofábrica criada em 2005 e subsidiada pelo Ministério da
Agricultura e pelo governo do estado da Bahia, especializada na produção de
insetos transgênicos para controle biológico de pragas. Sua capacidade máxima
de produção é 4 milhões de machos do Aedes Aegypt estéreis por
semana. Estes mosquitos, liberados no ambiente em quantidade duas vezes maior
do que os mosquitos não estéreis, vão atrair as fêmeas para cópula, mas sua
prole não será capaz de atingir a fase adulta, o que deve reduzir a população
de Aedes a tal nível que controle a transmissão da dengue. Inicialmente,
os insetos serão liberados no município baiano de Jacobina, com 79 mil
habitantes, que apresentou 1.647 casos de dengue e dois óbitos pela doença só
neste primeiro semestre de 2012. A ação é inédita mundialmente: é a maior
liberação de insetos transgênicos de controle urbano do mosquito da dengue. O
governo de estado da Bahia está investindo 1,7 milhões no projeto.
Já há resultado bem sucedido de projeto piloto realizado entre
2011 e 2012 em dois bairros de Juazeiro (BA) – Mandacaru e Itaberaba –, ambos
com cerca de 3 mil habitantes, e alto índice de proliferação do mosquito. Com o
emprego desta técnica, houve redução de 90% população do mosquito em seis meses
nestes distritos. Com a experiência em Jacobina, uma cidade de médio porte,
será possível mensurar a redução da doença na população. O projeto em Jacobina
também vai verificar a melhor maneira de adaptar o mosquito ao ambiente, como
transporte e logística adequados. Inicialmente, será transportada a pupa (fase
do inseto) em containers, e não o mosquito adulto, pois se acredita que este
morreria após algumas horas de viagem.
A partir dos resultados, o governo poderá expandir a estratégia
para todo o país e, dentro de alguns anos, incorporá-la ao Sistema Único de
Saúde (SUS) como um dos mecanismos de combate à doença. Os estudos para
mensurar o impacto em termos de redução da dengue levam pelo menos 5 anos, de
acordo com o National Institute of Health (órgão
equivalente ao Ministério da Saúde americano). Para que a tecnologia seja
incorporada ao SUS e reproduzida comercialmente por empresas privadas, deve ter
a aprovação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
(CTNBio), do Ministério da Saúde, da Anvisa, do Ibama e do
Ministério da Agricultura.
“Para combater a dengue, é necessário a aliar várias estratégias
conjuntamente: além do controle do vetor, é importante o investimento na vacina
da dengue e o tratamento de casos graves”, ressaltou Padilha.
PESQUISA -- O
ministério tem acompanhado a pesquisa com o Aedes Aegypt transgênico
desde o seu início, em 2010, que começou com a adaptação do mosquito em
laboratório da Universidade de São Paulo (USP). Conhecido como PAT
(Projeto Aedes Transgênico), o estudo foi desenvolvido em parceria
com a empresa britânica Oxitec, que desenvolveu a primeira linhagem do inseto
transgênico. Esta teve de, posteriormente, ser adaptada ao ambiente nacional.
Em 2011, a Moscamed entrou na parceria e deu um salto quantitativo na
produção do mosquito, com 550 mil mosquitos.
A Moscamed foi criada em 2005, e ganhou notoriedade
depois de um case bem sucedido de controle
biológico no Brasil da chamada “mosca-do-mediterrâneo”. Esta praga, conhecida
como “bicho da goiaba”, também presente em outras frutas, inviabilizam a
comercialização delas, causando prejuízos da ordem de US$ 120 milhões por ano
para a fruticultura brasileira e mais de US$ 2 bilhões para a fruticultura
mundial. Utilizando a “Técnica do Inseto Estéril”,
a Moscamed conseguiu reduzir a população deste bicho a níveis abaixo
do dano econômico, e ampliou o acesso do Brasil ao mercado internacional de
frutas, principalmente para os Estados Unidos, Japão e União Europeia. A
organização foi escolhida pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)
para ser a primeira Biofábrica do mundo a utilizar a tecnologia de raios-x
para a esterilização de insetos. É reconhecida pelo Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) como entidade de pesquisa.
EPIDEMIA -- No
primeiro semestre de 2012 (janeiro a junho), já foi registrada
431.194 casos de dengue em todo o País. A Região Sudeste tem o maior
número de casos (182.895 casos; 42,4%), seguida da Região Nordeste (168.935
casos; 39,2%), Centro-Oeste (43.228 casos; 10,0%); Norte (31.927 casos; 7,4%),
e Sul (4.209 casos; 1,0%). A Bahia apresentou mais de 41 mil casos de dengue em
2012. É o terceiro estado com maior número de notificações, atrás do Rio de
Janeiro e Ceará.
Fonte:
Portal da Saúde (07/07/12)
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